terça-feira, 1 de setembro de 2009

Entrevista da Professora Manoella Neves a Abrapcorp

Titulação Completa: Mestre em Comunicação e Informação (UFRGS), graduada em Comunicação, habilitação Relações Públicas (UFAL). Atualmente é Professora assistente do Curso de Comunicação Social da UFAL e integrante do grupo de pesquisa Comunicação e Significação, linha de pesquisa: Comunicação, Marca e Contexto Multimidiático (UFAL).


1. Qual o seu conceito de Comunicação Organizacional?

Compreendo Comunicação Organizacional como processo dialógico de uma administração. Trabalhar com a comunicação organizacional é produzir sentido e fazer repercutir seus efeitos destinados a capturar a atenção e aprovação do sujeito no interior da organização num complexo de atividades que revelam a cultura administrativa.

2.Existiria, em sua opinião, uma concepção brasileira sobre Comunicação Organizacional? Se sim, quais seriam algumas características específicas? Se não, o que faltaria para isto?

Difícil escrever e produzir conhecimento sem levar em consideração nosso contexto, nossa realidade. No entanto, penso que, uma concepção brasileira sobre Comunicação Organizacional ainda está se constituindo, mas, com iniciativas e discussões bem significativas, como é o caso da própria Abrapcorp.

3.Quais os indicadores mais relevantes para se considerar a comunicação como efetiva e excelente numa organização?

O princípio do trabalho com a comunicação é a busca pelo organizado e o bem acabado, no entanto ela é um complexo, um sistema vivo e como tal convive também com a desordem e as incertezas. Obviamente a comunicação organizacional demanda certa previsibilidade, no entanto, sem desejar prescindir disto, identifico dois modos interdependentes de comunicação organizacional. Uma, com ações administrativas elaboradas, implantadas e divulgadas estrategicamente, e outra mais direta, não planejada, espontânea. Um dos indicadores para a comunicação satisfatória seria a consideração de certa imprecisão e uma imprecisão certa, não apenas nos fenômenos (ou seja, nos desdobramentos das ações), mas também nos conceitos (nas nossas propostas e avaliações, por exemplo). Um outro indicador seria o princípio dialógico de uma administração, significando que esta procura fazer com que seu ponto de vista seja entendido, porém sendo medido através das interações com os colaboradores. A necessidade de participação e engajamento para a efetivação da comunicação vem da consideração de que todos que formam uma organização – seja ela pública ou privada – são seus membros constituintes e, portanto interferem no seu processo.

4.A comunicação vem sendo vista como uma área híbrida. Caso concorde, quais seriam outros conhecimentos que deveriam ser buscados por pesquisadores e profissionais? Se discorde, por quê?

De natureza interdisciplinar, a comunicação nem é uma unidade simples, nem é algo totalmente diferente daquelas áreas que contribuem para a sua constituição, tais como a política, a sociologia, a antropologia ou a psicologia, para citar algumas. Entendo a comunicação como uma unidade, um campo do conhecimento, cuja natureza interdisciplinar possa nos permitir afirmá-la como híbrida e que, talvez, seja esta condição da existência da área.

5.Que faceta(s) da comunicação organizacional contemporânea você consideraria como campo(s) promissor(es) de estudo?

Creio que a área em si é promissora, mas, em especial eu apostaria nos estudos de comunicação organizacional e relações de poder, fazendo isto pelo caminho dos estudos de discurso e midiatização. Uma discussão que considero importante é sobre estruturação e processos de comunicação para administrações públicas no que tange as experiências de empoderamento (empowerment) e de prestação de contas (accontability).

6.Qual foi a sua última publicação (livro, capítulo, artigo, resumo de palestra, resenha – impressa ou digital, independente de data)? Cite, por favor, o título, local, temática central:

Por coincidência minha publicação mais recente foi o artigo apresentado no III Congresso da Abrapcorp, ocorrida em São Paulo, em abril deste ano. O artigo é intitulado: “Marca e o campo das Relações Públicas”. Marca foi o tema trabalhado em minha dissertação “Marcas da política da Administração Popular na Prefeitura de Porto Alegre, 1989 a 2002” apresentada ao PPGCOM da UFRGS e defendida em 2002. Quanto ao artigo, sua pretensão foi fazer um registro preliminar quanto à compreensão do lugar da marca na constituição do campo das relações públicas na sociedade contemporânea, buscando contribuir para uma concepção ampliada de marca, compreendendo-a como capital simbólico vivo, próprio das relações públicas. E agora estou nos desdobramentos deste estudo com o artigo “O campo das Relações Públicas ou para fazer o contorno”.

7.Que livro você está lendo agora? Qual a sua motivação na leitura?

Terminei de ler agora o livro “O Diálogo possível: Comunicação Organizacional e Paradigma da Complexidade”, organizado pela professora Dra. Cleusa Scroferneker publicado pela Edipucrs. Uma das minhas motivações para a leitura foi ver como autores do porte dos professores Cleusa e Rudimar, por exemplo, colocaram em funcionamento o Paradigma da Complexidade, pois antes deste livro eu havia lido o “Introdução ao pensamento complexo” de Edgar Morin. O próximo a ser lido será “A árvore do conhecimento” de Maturana e Varela, pois compreendo ser possível, nos vindouros trabalhos, aproximar ao Pensamento Complexo de Morin (2007) à Biologia do Conhecimento (ou Teoria da Autopoiese) daqueles autores.

8.Por favor, sugira um canal digital de conhecimento importante em comunicação organizacional e relações públicas (portal, blog, lista de discussão, newsletter eletrônica, comunidade em redes sociais, micro-blogging, entre outros):

Temos tantos canais importantes e bons para acompanharmos discussões, lermos artigos, vermos novidades da área, compartilharmos idéias: o MundoRP, o site da Aberje, o blog da Yara (http://www.blogdayara.com.br) e recentemente fui apresentada a um site do Grupo de Estudos da Complexidade (Grecom) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (www.ufrn.br/grecom) que me interessou, em particular pela natureza da sua temática.


9.Você tem participado dos Congressos da Associação? Se sim, o que lhe tem agradado mais? O que pode ser melhorado – estrutural e conceitualmente?

Este ano foi o primeiro que participei. Nos outros anos, 2007 e 2008, não pude por conta da maternidade, mas tomei conhecimento das discussões pelos sites dos Congressos. Enfim, em 2009 pude participar efetivamente, apresentando trabalho no GT História, Teoria e Pesquisa em Relações Públicas. Pelo que tenho conhecimento, os Congressos tem apresentado uma crescente, tanto de participantes quanto na profundidade das questões debatidas. Tenho confiança que isto seja uma constante.

Fonte: http://www.abrapcorp.org.br.

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