Os primeiros elementos sensacionalistas da imprensa brasileira foram encontrados em folhetins, a partir de 1840.
Para Angrimani (1995), o sensacionalismo é caracterizado, primordialmente, pelo tipo de linguagem utilizada, seja na imprensa, televisão ou rádio. Ele afirma que não há distanciamento, nem proteção de neutralidade na linguagem sensacionalista.
A situação é praticamente a mesma em vários estados brasileiros. As afiliadas das grandes redes de televisão normalmente têm, na sua programação, programas popularescos que invocam a bestialidade e a “ignorância” do povo.
Por trás de uma justificativa não muito convincente, os apresentadores desses telejornais alegam que está prestando grande serviço a população, estão dando voz ao povo que tanto é esmagado pela classe mais alta da sociedade, e que apenas estes programas são a solução para tal descaso.
A imprensa como um todo trabalha com a idéia de que o que é bom é o que o povo gosta. E em busca da audiência tão almejada algumas regras da ética e da moral são deixadas de lado.
Boa parte da imprensa brasileira admite o fato policial como um atrativo para o público e por isso dificilmente um crime deixa de ser noticiado.
Ao falarmos de sensacionalismo, falamos da manipulação da informação, onde essa é apresentada num formato exagerado ou enganador. A exploração de notícias sensacionalista gera audiência, o que pode resultar em mais sensacionalismo. Ela pode vir expressa na apresentação visual, no tema e na forma de apresentar o discurso.
Marcondes Filho descreve a prática sensacionalista como nutriente psíquico, desviante ideológico e descarga de pulsões instintivas. Caracteriza sensacionalismo como “o grau mais radical de mercantilização da informação: tudo o que se vende é aparência e, na verdade, vende-se aquilo que a informação interna não irá desenvolver melhor do que a manchete. Esta está carregada de apelos e carências psíquicas das pessoas e explora-as de forma sádica, caluniadora e ridicularizadora. [...] No jornalismo sensacionalista as noticias funcionam como pseudo-alimentos as carências do espírito [...] O jornalismo sensacionalista extrai do fato, da noticia, a sua carga emotiva e apelativa e a enaltece. Fabrica uma nova noticia que a partir daí passa a se vender por si mesma”. (FILHO, apud AGRIMANI, 1995).Os noticiários sensacionalistas servem apenas para satisfazer as necessidades instintivas do público através de calunia e ridicularização das pessoas. A imprensa sensacionalista desvia o público de sua realidade imediata.
Marcondes Filho escreve que “escândalos, sexo e sangue compõem o conteúdo dessa imprensa [...] como as mercadorias em geral, interessa ao jornalista de um veiculo sensacionalista o lado aparente, externo, atraente do fato. Sua essência, seu sentido, sua motivação ou sua história estão fora de qualquer cogitação”.(FILHO, apud ANGRIMANI,1995).
A linguagem sensacionalista não pode ser sofisticada, tem que ser o mais próximo possível do público ao qual deseja atingir.
A linguagem utilizada é a coloquial, diferente da usada nos jornais informativos comuns, é utilizada a linguagem coloquial exagerada, com emprego excessivo de gírias e palavrões.
“A narrativa (sensacionalista) transporta o leitor; é como se ele estivesse lá, junto ao estuprador, ao assassino, ao macumbeiro, ao seqüestrador, sentindo as mesmas emoções. Essa narrativa delega sensações por procuração, porque a interiorização, a participação e o reconhecimento desses papéis, tornam o mundo da contravenção subjetivamente real para o leitor. A humanização do relato faz com que o leitor reviva o acontecimento como se fosse ele o próprio autor do que está sendo narrado”. (ANGRIMANI, 1995).Muniz Sodré (2006) entende que o aumento exponencial da violência, em todas as suas formas, na maior parte dos grandes centros urbanos da América Latina e do resto do mundo, assim como o primado avassalador dos meios de comunicação sobre as formas de acesso de jovens e adultos às regras de relacionamento intersubjetivo no espaço social, coloca continuamente a mídia no centro das interrogações sobre o fenômeno da violência.
Podemos trabalhar com a hipótese de que, no território nacional a violência criminal cresce diretamente ao aumento populacional nos grandes centros urbanos e da deterioração das condições de vida tais como: o desemprego, subemprego, deficiência alimentar, a falta de moradia.
Geralmente, o rótulo sensacionalista está ligado aos programas e jornais que dão um enfoque maior às coberturas policiais, com a superexposição da violência, a exibição de imagens e fatos chocantes.
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