segunda-feira, 2 de julho de 2012

Construindo uma carreira na comunicação

Bruno Garcia


Recentemente, tive a honra de participar da Semana de Comunicação da Universidade Veiga de Almeida (Secom UVA), no Rio de Janeiro. O contato com os estudantes e com o ambiente universitário é sempre muito rico e proveitoso. Diferente de quando faço palestras para outros públicos, como médicos, gestores etc., falar com pessoas da comunicação, sejam jornalistas, publicitários ou estudantes de marketing, sempre me deixa bem mais à vontade. E uma coisa que fica evidente entre os mais jovens é a angústia que enfrentam em relação ao futuro profissional e a carreira. A grande questão é se eles serão bem-sucedidos.

Embora a mídia e as publicações sobre carreira se esforcem ao máximo para construir uma imagem totalmente ilusória do profissional superbem-sucedido antes de completar 30 anos de idade, qualquer pessoa com um pouco mais de maturidade e experiência sabe que não é por aí que a banda toca. 

Construir uma carreira em comunicação exige tempo e maturação. Um jornalista em início de carreira (embora as empresas, por questões financeiras, apostem boa parte das fichas nele) jamais terá o nível de texto que um profissional com mais anos de estrada. No jornalismo, a experiência de vida conta (e muito).
 
Como um jornalista poderia produzir um bom texto para a editoria de economia, por exemplo, sem ter vivenciado de perto diversas passagens da nossa história recente? Na política então, nem se fala. Como um repórter sem experiência poderia compreender efetivamente os meandros da nossa política sem ter uma lista mínima de escândalos na sua bagagem profissional?

Ver, por exemplo, a âncora do SBT Brasil, Rachel Sheherazade tecendo comentários sobre diversos assuntos me causa certa estranheza. Não que ela não seja boa no que faz, mas não possui algo que é essencial na carreira de um comunicador: reputação, o que nos remete à questão da credibilidade. Andando um canal, vejo que na Band, quem comenta as notícias é Ricardo Boechat, assessorado por Joelmir Beting. Entre ver os comentários de Rachel no SBT e da dupla Boechat e Beting na Band, fico com os mais experientes, afinal me parecem que eles têm bem mais a acrescentar que a jovem aposta de Silvio Santos.

Na publicidade, efeito semelhante acontece. Embora o mercado seja quente e favoreça os jovens que entram nas agências com 'sangue nos olhos', existe um skill que só o tempo e as experiências profissionais podem construir. O profissional mais jovem pode estar mais atualizado e com mais energia para o trabalho. Mas a expertise de um profissional com mais tempo de estrada não se aprende lendo blogs ou se atualizando via Twitter. 

A experiência se conquista no dia a dia. Sim, nesse mesmo cotidiano que não gostamos de engolir, pois nada tem do glamour que envolve figuras midiáticas elencadas como pessoas 'de sucesso'. E não adianta querer pular esses degraus.  

Construir uma carreira na área de comunicação requer empenho, constante atualização e também experiência. Se você é jovem e já conquistou grandes coisas na sua carreira, parabéns. Mas precisamos entender que esta não é a regra e sim a exceção. E não podemos viver com base em exceções.